Eu sei que amei



Eu demorei dias pra te colocar pra fora. Eu passei anos achando que um belo dia você poderia mudar. Eu pensei um milhão de vezes, eu sonhei outras mil, eu desejei quinhentos, eu idealizei trezentos, os "nãos" foram centenas. Eu fui, eu voltei, eu paguei pra ver, arrisquei, quebrei a cara uma, duas, três, depois parei de contar. Eu fui eu mesma e depois até quem eu não podia ser, eu me desconheci e me conheci outras milhares de vezes. Eu queimei a língua, perdi a palavra, perdi o sono também algumas vezes, eu tentei falar e não falei, coisas talvez tão óbvias, mas sufoquei.

Fui tola, boba, romântica e brega. Eu chorei no banheiro, reclamei pros amigos, levei um porre. Eu escrevi em média 100 poemas. Eu senti agonia, desespero, saudade. Eu quis fugir, mas nunca aprontei as malas por completo. Eu quis ser outra, quis que ele fosse outro, depois quis que a gente nunca tivesse sido alguém. Queria esquecer os lugares, músicas, sorrisos, cheiros, brincadeiras, conversas. E que eu existi ali, naquele lugar com aquela pessoa. Eu quis borracha, rasgar livro, ou simplesmente virar a página. Mas em cada esquina tinha uma história nossa.

Eu fui intensa, louca, sem medidas, mas eu fui paciente, como aquelas pessoas que esperam um pouco de sol no inverno. Eu dei o meu melhor. Eu quebrei o relógio, em outras tantas eu o agarrei fielmente. Eu engoli o choro, cortei relações, depois voltei a fazer laço. Sempre achava que era a última vez e nunca era. Achava que esquecia e bastava vê-lo pra tudo voltar mais intenso ainda.

Você pode dizer qualquer coisa, mas por favor não diga que não foi amor. Foi mania, foi saudade, desespero, necessidade, costume, fome, um pouco de obsessão, foram coisas malucas que se passaram aqui dentro, foi avalanche, maremoto, foi chuva serena, foi paz, foi a coisa mais forte e mais linda que senti ou já provei. E apesar de parecer maluquice foi o mais perto que cheguei do amor. Porque quando a gente ama a gente erra, erra querendo acertar, uma, duas, três vezes, depois a gente perde a conta. A gente faz burrada, aceita burrada, já definiram tanto o amor, mas nunca ouvi dizer que ele era perfeito.

O amor é calma, mas todos tem limites, como aquelas situações em que você acaba tudo em um momento de raiva. Mas se for amor, aquilo ali foi só mais uma briga. Talvez o amor espere, supere, talvez o amor acabe agora e amanhã ele volte a renascer. O amor é milagroso. Talvez tenha sido por isso que tantas vezes eu chorei. Mas por favor, não diga que eu não amei, era amor, vai passar anos e vai continuar sendo amor. Foi a coisa mais forte e mais sincera que senti. Eu queria um dia na vida ser pra alguém como você foi pra mim um dia.

( Elen Abreu )

3 comentários:

Luis Santos disse...

Elen eu adoro este tipo de texto. E com as suas combinações de palavras, ele ficou mais lindo ainda!
lelusantos.blogspot.com.br

Luis Santos disse...

Elen eu adoro este tipo de texto. E com as suas combinações de palavras, ele ficou mais lindo ainda!
lelusantos.blogspot.com.br

Anônimo disse...

Difícil msm é esquecer os momentos tranquilos e serenos de risadas e histórias, de bancos e escadas, de chegadas repentinas e caminhadas furtivas procurando um lugar escondido pra amar.
Mais difícil ainda é abrir mão disso por valores como responsabilidade, respeito, honra, todos valores mortos e ainda assim tão vivos dentro de mim que eu simplesmente não posso ignora-los.
E nada foi tão difícil quanto falar isso pra alguém importante, usar esses valores como justificativa quando eles nada justificam, tão difícil que não consegui fazer.
Lindo texto. Loira

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